O POÇO DE HAGAR

          O POÇO DE HAGAR

                          Ao invés de “O Fundo do Poço”

Observe o que é O Amor e a Justiça do Deus de Abraão, de Hagar e de Ismael.

Hagar foi uma certa empregada de Abraão que viveu na casa desse Patriarca por muitos anos...

Repare que não se trata de uma simples "estória da carochinha", e sim, de uma  História Real, 

que se encontra registrada no primeiro Livro da Bíblia Sagrada, o Livro deGênesis, nos capítulos 16 e 21.

Naquela época, e até mesmo em muitos casos, hoje em dia, as pessoas menos favorecidas trabalhavam, numa casa ou fazenda, sem salário, apenas em troca de morada e alimentação.

Assim como o caso da menina de Israel que foi levada a morar e trabalhar na casa de um general, em outro país, (2ª Reis.5:2) esse, também, foi o caso da mocinha Hagar que, aprendeu, que para sobreviver, deveria sujeitar-se a deixar a casa dos pais e ir viver com famílias e pessoas estranhas... 

Essas pessoas, que serviam como escravas, tinham pouco, ou nenhum valor, para seus empregadores, e suas dignidades não eram consideradas. 

Uma certa época, quando Abraão esteve no Egito, o Rei (Faraó) lhe presenteou com muitos bens, inclusive servos e servas.
Certamente, Hagar, foi um destes "presentes" que ele recebeu.

Muito tempo atrás, Deus tinha aparecido a Abraão e prometido que ele teria um filho e que muito grande seria sua descendência (Gên. 15:4-5).

                                              O CONSELHO DE SARA

Porém, passado muito tempo, desde essa "Promessa", quando o velho já contava 87 (oitenta e sete) anos de idade, Sara, sua esposa, lhe deu um "conselho".

O tal "conselho" era para que o velho tivesse um filho através da criada, porque o tempo estava passando, eles estavam ficando cada vez mais velhos e, através de si mesma isso seria bastante impossível. 

Seria como dizer que Deus, na Verdade, não conseguiria cumprir o que prometeu; e fazendo como ela pensou: tendo um filho, ainda que fosse com uma escrava, ele não terminaria seus dias sem um herdeiro... 

E, assim, a serva egípcia foi obrigada a “servir” ao velho, como mulher, para que ele pudesse realizar o sonho de ser pai (Gên. 16:3).

No pensamento da idosa esposa isso “ajudaria” à Deus a cumprir a Promessa que tinha feito ao seu marido, de que ele seria “Pai de Multidões” (Gênesis.16:2).

A ideia daquela anciã, brilhou, para a pobrezinha da Hagar, como uma resplandecente luz que viria mudar totalmente a sorte em relação ao seu futuro, que vinha sendo completamente sem perspectiva. 
A falta de Fé daquela Senhora abriu as portas para um futuro promissor para a escrava.

Já era a segunda vez que a esposa de Abraão demonstrava não crer no que Deus tinha dito.
Sabemos, muito bem, que 

"Sem fé é impossível agradar a Deus" (Hebreus.11:6)

Então Hagar, que não podia perder aquela oportunidade, foi lá e submeteu-se "àquela situação", extremamente constrangedora e nada, nada fácil. Mas afinal de contas, era sua grande chance...

E aí, Hagar ficou grávida... 

Bem, e agora que estava esperando um filho de Abraão, sentiu-se, com toda razão, a herdeira de, pelo menos parte, dos muitos bens do Patriarca. 
E não era prá menos...

                                                                                     

                             “O TIRO QUE SAIU PELA CULATRA"

Hagar, que só vivia para ser usada como um objeto, agora estava "SE SENTINDO A TAL"...

E aí, a mesma Sara, a esposa do velho Patriarca, que teve a “brilhante” ideia de querer “ajudar” a Deus, com seu plano, viu-se, totalmente frustrada, ao perceber que, aquela que vinha sendo a serviçal da casa, agora se comportava, também, como uma Senhora (Gên. 16:4). 

A única "ajuda" que Deus precisa de nossa parte é a Fé. 
E foi isso, justamente, o que faltou em Sara, a Fé. E isto acabou sendo uma ideia "muito brilhante" para Hagar...

E vendo Sara que a única solução para o problema, que ela mesma arrumou, era mandar a escrava ir-se embora e seguir seu caminho, pediu ao marido que a despedisse. 
E foi o que ele fez.

Por causa desta decisão, eles abriram as portas para a inimizade que existe, até hoje, entre árabes e judeus.

Despediram a criada, sem pena e sem dó, apesar da jovem encontrar-se no princípio de sua gestação (Gên. 16:6).
  

 O HERDEIRO QUE NUNCA HERDOU

E lá se foi Hagar, pelo deserto à fora, debaixo de um sol de cinquenta graus, levando em seu ventre, o bem mais precioso do velho Abraão: Um filho.

Sentindo-se injustiçada e ferida na alma, seguiu em direção ao que lhe parecia ser, com toda certeza, o seu “fundo de poço”.

                      

O futuro, que já lhe vinha sendo incerto, trabalhando como escrava naquela casa, agora, transformava-se no próprio fim à sua frente, antecipado pela exibição de sua alegre e incontrolável soberba. 

Era o mesmo que "acertar na Loteria" e perder o bilhete premiado... 

Antes da gravidez, não tinha nada o que perder em sua pobre vida, mas agora, parece que tinha perdido uma grande chance. 
Assim, só o que podia esperar pela frente, era um amargo desfecho.

Não tinha ninguém por ela. Ninguém que se interessasse pelo seu bem...
Para sobreviver, tinha deixado para trás, família, parentes e amigos. 
O Egito, sua terra natal, estava muito longe. 
Ainda que chegasse lá não conheceria mais ninguém...

Depois de muito andar naquele deserto, vendo que não podia mais caminhar, parou, desolada.  
Era prá ser O Fim... 

Porém, num belo e determinado momento, o Anjo de Deus, do Deus de Abraão, apareceu e conversou com ela. (Gên. 16:7).
Ela deve ter pensado que era uma miragem ou que estava ficando louca. Mas, não era loucura, era realidade...

                                        ISMAEL = DEUS OUVIU

O Senhor não descuidaria de Sua “escolhida” Hagar, visto que tinha grande interesse na descendência de Abraão, que começaria com o nascimento daquela criança, que estava sendo gerada em seu ventre. 

Então o Anjo,  do SENHOR, que apareceu prá ela, falou-lhe sobre sua gravidez e como seria vitorioso e abençoado este filho do Patriarca; e que, o nome do menino, ela deveria colocar Ismael, que significa “DEUS OUVIU”, porque, disse o Anjo:
"O Senhor ouviu a tua aflição"

Também lhe deu instruções divinas, sobre o que deveria fazer a partir daquele momento, e a convenceu a voltar e se humilhar diante de sua Senhora.

Ás vezes precisamos da experiência de "voltar e se humilhar"...

Bem, aquela aparição do Anjo era como se alguém tivesse encontrado aquele "Bilhete da Loteria" e entregado a ela.

Com o ânimo recobrado, sabendo, agora, que um lindo futuro lhe estava reservado à frente e conhecendo a Vontade de Deus para sua vida, a jovem gestante fez, com muita esperança, o caminho de volta...

 O REGRESSO DE HAGAR

Bem, daí em diante dá-se a reconciliação de Hagar com sua Senhora e a alegria do velho em poder conviver com seu filhinho.
A jovem mamãe aprendeu a "vigiar" e não querer entrar por outros caminhos que viessem estragar aquela sua grande sorte (Gên.16:15-16).
Hagar amamentava seu bebê, enquanto o via crescer ao lado de seu velho papai...
Imagine a felicidade da escrava: Agora tinha alguém por ela - Deus estava do lado dela -.
Para o menino Ismael era como estar no Paraíso; papai e mamãe ao seu redor; muito amor e carinho por perto.

Doze anos se passaram e a Promessa feita, por Deus, à Abraão se cumpriu e Sara, a patroa de Hagar, ficou grávida (Gên.21:1-3).

                "Porque para Deus nada é impossível." (Lucas.1:37)

Deu à luz ao seu filho Isaque, cujo nome significa “riso” e, grande foi a alegria daquela família...

Infelizmente, o menino Ismael, o primeiro filho de Abraão, agora com 13 (treze) anos de idade, achou engraçado aquela cena, de uma senhora tão velha amamentando um bebê e riu (Gên. 21:9), cumprindo a profecia da própria Sara, que disse: 
“Deus me tem dado motivo de riso; todo aquele que o ouvir se rirá comigo.” (Gên. 21:6) 

Riu? Mas Sara não gostou nem um pouco e mandou Hagar embora daquela casa.

Infelizmente?  

Do ponto de vista humano pode ter parecido ser “infelizmente”, mas, do Ponto de Vista de Deus, é justamente a partir deste episódio que a Grande Bênção se aproximou deles dois, quando aquela idosa mamãe resolveu mandá-la ir-se embora, com seu filho, sair daquela casa e seguir seu caminho.

-De novo?

Foi o que Sara fez. Repetiu a disciplina aplicada a 13 (treze) anos atrás: Pediu que o marido despedisse a criada, sem pena e sem dó...

Foi um golpe muito duro duro para Abraão. Da outra vez ele ainda não conhecia seu filho mas, agora era diferente...

E Deus o consolou dizendo:
"Não te pareça mal aos teus olhos acerca do menino e da tua serva... do filho desta serva farei uma nação, porquanto é tua descendência." (Gên. 21:12-13)

                              ESQUECEU-SE DA PROMESSA?

Assim, Hagar começou, mais uma vez, sua jornada, a caminho do nada.
Era grande o percurso a percorrer até ao seu próprio "Fundo de Poço".

E lá estava ela, novamente, no deserto, arrasada e desolada, e dessa vez, obrigada a presenciar o sofrimento de seu tão querido filhinho. 
Sentia ali o abandono e o desprezo lhe corroer toda a sua alma, crendo que a morte do menino era tão certa como o Fim de sua Esperança... 

  

Veja bem: Só "camelos" conseguem atravessar o deserto. 
Eles podem andar de 200 a 270 quilômetros por dia e reservam água para, até 8 (oito dias)...

Ela não poderia ir muito longe, mas caminhou, caminhou até mais não aguentar. 
E quando ela parou, exausta e sem mais forças, já havia trilhado muito, e estava bem longe dos termos das propriedades do rico pai de seu filho.

                     CAMINHA MAIS UM POUCO, VAI

O Plano era esse. O Plano de Deus para a nova Vida de Hagar era esse:

Que ela saísse dos antigos termos, onde viveu tanto tempo, na servidão. 
Que atravessasse a Divisa daquelas terras. 
Que passasse para o outro lado, o Lado da Vitória

Era cômodo estar naquela casa. Sempre é bom não ter que lutar, fazer força, mas ali não era o seu lugar, não era a sua possessão. 
O que o SENHOR tinha preparado, para sua nova vida, estava do outro lado. 
O lado da Libertação completa com um Futuro próspero...

Quando ela, sem saber, já tinha caminhado o suficiente para tomar posse da Bênção, quando ela já estava do outro lado, então, o Anjo do Deus de Abraão apareceu e falou com aquela que deixaria de ser a serva humilhada... (Gên. 21:15-16).

Deus, à muito tempo, tinha decidido transformá-la numa Senhora. Senhora da própria prosperidade...      

              
                    NOVAMENTE A AFLIÇÃO; NOVAMENTE A VOZ DE DEUS

Como em Gênesis. 16:7, à treze anos antes deste momento, o Anjo de Deus bradou desde os Céus a Hagar (Gên. 21:17):

“Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde está. Ergue-te, levanta o menino e pega-lhe pela mão, porque dele farei uma grande nação.”(Gên. 21:17-18)

A MUDANÇA DE VIDA, está no versículo 19.

Veja bem: O Deus de Abraão, que lhe conduz o tempo todo, sobretudo nos últimos 13 (treze) anos, depois de falar com ela, na sua grande aflição, é o mesmo que lhe abre os olhos para ver “O Poço”: Uma fonte de água naquele lugar.

A aflição era muito grande, e a certeza humana de que tudo estava perdido, não lhe deixava ver aquela Bênção à sua frente.

Pare para pensar:

-Quem tinha água naquelas terras, além de Abraão?

-De que adiantam terras sem água?

Nosso Deus não lhe daria uma terra sem água. 
Ele lhe preparou, não só uma terra para ela viver, mas uma  terra com uma Fonte de água. 
Aquela fonte, naquele poço, representava, e representa até nos dias de hoje, uma grande riqueza. 
E tudo foi preparado para ela. E era tudo dela agora.                                                   

 O Altíssimo estava planejando, aquela sorte, o tempo todo para ela.

Não apenas uma terra, mas uma terra com uma Fonte num poço.

E assim, Ele estabeleceu a morada dela ali com todas as condições para viver a própria vida com toda  liberdade, criar o menino do seu jeito e ver a Profecia cumprida:

Pelos Textos Bíblicos abaixo, dá para se ter uma ideia do que realmente aconteceu...

Veja os Textos:

"Passando, pois, os mercadores midianitas..." 

"...Olharam, e eis que uma caravana de ismaelitas vinha de Gileade; 
e seus camelos traziam especiarias e bálsamo e mirra, e iam levá-los ao Egito." (Gên.37:25,28)

Caravanas de mercadores passavam por aquele caminho, em direção ao Egito. Eles precisariam da água... Compravam-na por dinheiro ou trocando por mercadorias. 
A água estava com Hagar, que através disso foi arrumando a sua vida, as coisinhas da cabana...

E a Palavra de Deus sobre o menino era taxativa:

“E ele será homem valente, e a sua mão será contra todos, e a mão de todos contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.”                                          (Gên. 16:12)

“E era Deus com o menino, que cresceu; habitou no deserto de Parã, e foi flecheiro.E sua mãe tomou-lhe mulher da terra do Egito.”                                                                        (Gên. 21:20-21)

-"Morar de favor”, na casa dos outros? 
NUNCA MAIS!

-Sofrendo humilhação, sem futuro certo pela frente?
JAMAIS!


Não fosse o lindo Plano de Deus para com Hagar, e o Título dessa História seria: "O FUNDO DO POÇO"... 

E foi assim que, através de Ismael, o filho de Abraão com Hagar, que começaram a existir os Árabes, um dos povos mais ricos e "poderosos" da terra...

As Escrituras Sagradas não se ocupam em dar muitos detalhes sobre a História de Ismael, como faz quando relata a Vida de Isaque, “o filho da Promessa”, que veio sem precisar da ‘ajuda’ de Sara.

Os doze Príncipes, filhos de Ismael, são citados na Bíblia Sagrada, que afirma que seus descendentes se estabeleceram na região que vai de Hávila a Sur (região do Egito e região do deserto de Sinai), na direção de quem vai para Assur (região do Iraque). Conforme está em Gênesis 25:12-18.

Flávio Josefo, um famoso Historiador judeu, afirma que

Ismael é pai, sim, da nação árabe, conforme creem os árabes

Só para lembrar: O famoso "POÇO DE JACÓ" só veio a existir quase duzentos anos depois desta história...
(Hagar com Ismael existiram muito antes da existência de Jacó...)

Aprendemos aqui, nesta belíssima História que, às vezes, para Deus nos dar uma Bênção ou cumprir uma Promessa na nossa vida, Ele precisa tirar algo de nós, ou, até mesmo, tirar-nos de algum lugar.

Como foi no caso de Abraão, de Hagar e de Ismael...

“Adorai Aquele que fez o Céu, e a Terra, e o Mar, e as Fontes das Águas” (Apoc.14:7)

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Orlando Costa, Escritor, natural do Rio de Janeiro, Professor autodidata de Inglês, está há mais de 50 anos no meio Cristão. 
Desenvolve um tipo de Trabalho independente das Denominações Evangélicas.
                                  

Já esteve em muitas cidades, de vários Estados do Brasil, ministrando a Palavra de Deus, inclusive em Igrejas na Venezuela e no Peru.                                                                                

Esteve, também, na Igreja-Mãe (Primeira Igreja) das Assembleias de Deus no Brasil, em Belém do Pará, e na Sede Nacional do G-12, em Manaus-AM.